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O GAE, é uma sociedade civil sem fins lucrativos, formalmente constituída em 1990, cujo objetivo primordial é a preservação do meio ambiente e a melhoria da qualidade de vida da população. Nossa proposta é atuar junto à sociedade e aos órgãos governamentais responsáveis pelas questões ambientais, promovendo atitudes que resultem na solução efetiva dos problemas que afetam o meio ambiente. O GAE é inteiramente gerido por voluntários que abraçam as mais variadas causas ambientais, porém com ênfase na conservação da biodiversidade, na manutenção da integridade dos ambientes de montanha e na ampliação e efetiva implantação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC. A captação de recursos para o desenvolvimento de projetos específicos não é a forma de atuação preferencial do GAE, sendo sua ação muito mais baseada no acompanhamento crítico das políticas públicas para o setor e na denúncia dos problemas que afetam, não raro com recurso à imprensa e à Justiça.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Explosão Demográfica: Desequilíbrio Ecológico e Social. (Boletim GAE Junho/1991 - Por André Ilha)

Explosão Demográfica: Desequilíbrio Ecológico e Social


Quem não se lembra do jingle da vitoriosa campanha da seleção brasileira de futebol em 1970, no México? Ele começava assim: “Noventa milhões em ação, prá frente Brasil...”. Pois hoje, passada pouco mais de duas décadas daquele momento de euforia nacional, já ultrapassamos a casa dos 150 milhões de habitantes, ou seja, um aumento de mais de 50%.

Em diversos outros países, especialmente naqueles menos desenvolvidos, os números são igualmente alarmantes. O censo que acaba de ser completado na Índia nos revela que sua população é de cerca de 844 milhões, prova incontestável do fracasso do programa de planejamento familiar que aquela nação vinha adotando. A China, que detém um nada invejável recorde nesse campo, já atingiu a fantástica cifra de 1,13 bilhão de habitantes, e nem assim o número de nascimentos deixou de superar o de óbitos.

Esse crescimento constante da população gera tremendos desafios para os governantes que, dispondo apenas de recursos escassos, deveriam atender à correspondente demanda por bens e serviços essenciais a essa massa de novos cidadãos. As megalópoles de hoje se mostram inadministráveis, e a violência urbana é apenas uma faceta de uma questão que se mostra cada vez mais complexa e insolúvel.

Ora, temos que nos render a uma verdade inquestionável: não é possível se manter um contingente populacional sempre crescente em um mundo limitado, por mais pródigo que este seja. Mais cedo ou mais tarde haverá um momento em que, necessariamente, a capacidade de a natureza nos fornecer alimentos e matérias-primas ficará abaixo do mínimo necessário para assegurar uma existência digna – ou apenas uma existência – às inúmeras pessoas que, a cada ano, vêm juntar-se a nós neste ainda belo planeta Terra.

Os dirigentes brasileiros têm se furtado a encarar de frente o problema, limitando-se a fazer vagas declarações de intenções nunca cumpridas, receosos talvez da impopularidade que sua execução poderia lhes acarretar. Sua inércia, contudo, dá margem a que aconteçam práticas totalitárias, tais como a maciça esterilização clandestina que, segundo denúncias veiculadas nos jornais, vem vitimando expressiva parcela da população feminina em idade fértil do Nordeste.

A igreja também tem sua parcela de culpa. Ao manter sua postura intransigente, contrária a determinados métodos contraceptivos, seus representantes têm revelado uma notável falta de visão em relação à preocupante realidade dos tempos atuais. Estimulam dessa forma o nascimento de milhões de crianças que, desejadas ou não, já vêm ao mundo condenadas a sofrer toda sorte de privações, uma vez que temos nos mostrado incapazes de eliminar a pesada teia de injustiças oriunda das desequilibradas relações sociais intra e internacionais do mundo atual. Os “meninos de rua”, que perambulam pelas cidades assombram nossas consciências, e as inumeráveis crianças desnutridas do campo, muitas das quais não chegam sequer a completar seu primeiro aniversário, vivem vidas sem qualquer perspectiva. Uma legião de pequenos sentenciados à morte (por fome, doenças e, agora, tiros) sem o direito – pois a sociedade implacável nunca lhes concedeu direitos – de se alimentar, vestir, receber educação e se sentirem amados. Então, o que é pior?

Por essa e por um extenso rosário de outras razões que poderíamos aqui desfiar, urge que a questão do controle demográfico seja enfrentada sem demagogia, com a seriedade que o problema requer. A melhor forma para tal é através da educação. Uma campanha intensa e ininterrupta, que esclareça a quem precisa que alternativas existem para evitar filhos não planejados seria o ponto de partida. Os diversos métodos anticoncepcionais devem ser tornados acessíveis a todos, e não apenas às famílias de classes média e alta. Além disso, é possível vislumbrar uma vasta gama de incentivos legais a famílias com poucos filhos.

Caso medidas urgentes não sejam implementadas logo, de forma decidida e enérgica, estaremos nos encaminhando, seguramente, para um colapso ambiental, perdendo, então, todo o sentido ou qualquer efeito prático, lutas em defesa do meio ambiente e pela melhoria da qualidade de vida da população. Terá sido tudo em vão.

André Ilha

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